terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Impressões...

Sob o clima de fim das atividades na universidade, a FATO garantiu uma reunião com o Secretário de Planejamento de Marília, Sr. Laércio, com o objetivo de efetivar uma parceria entre prefeitura e a universidade estadual paulista, campus mariliense, em nosso projeto com os bairros desta cidade.

O êxito desse encontro foi a presença do Profº Dr. Jair Pinheiro que, por um lado, colaborou na viabilidade do projeto e, também no aumento da credibilidade dos externos à faculdade em relação aos alunos desta, por outro lado, ali, naquela primeira conversa, para mim, possibilitou a reflexão dos diversos objetivos quando o assunto é Política Pública.

Minhas impressões e reflexões se formaram a partir da separação entre político e cientista cujo desencontro para todos é patente, entretanto, confessemos, na área das ciências sociais, a linha que os separa quase que constantemente torna-se tênue e frágil demais.

O secretário que é também arquiteto (profissão tão fácil de identificar naquele senhor, pois a cada palavra dita um rabisco, um desenho, além de certa “emoção” ao falar de construções, projetos de habitação, etc.) mostrou enorme disposição para a formação de uma parceria conosco. Afirmou o quão são escassos estudos sociais em projetos habitacionais, de urbanização e, segundo o mesmo, “[sobre o pessoal da prefeitura] sabemos chegar com cimento e tijolo”, mas reconhece que pouco sabem além disso. Enfim o interesse foi firmado e, se em decorrência das contingências de "gabinete" próprias do ambiente burocrático, o senhor secretário não for substituído, um primeiro passo para o projeto foi dado.

O ápice da reunião – o momento que ressaltou a necessária separação entre cientista social e político – surgiu da proposta, da meta da prefeitura com tal parceria. A proposta era que iniciássemos um “Processo de Capacitação [da Favela]”. Mas, o que seria essa capacitação? De acordo com o secretário, seria “acordar” a favela, “acordá-la” para a política, encontrar uma liderança naquela comunidade, etc. A resposta não foi satisfatória, até porque, neste primeiro encontro não cabia explicitar, minuciar, priorizar e discutir os objetivos. Não obstante, fez-se necessário que o professor Jair esclarecesse o objetivo da universidade frente à sociedade e aos órgãos públicos. Reconheceu também que, após o estudo feito, este serviria para múltiplos usos e aplicações. Segundo ele, é trabalho do cientista ir a campo, conhecer as pessoas e os espaços, as suas demandas, os seus espaços de sociabilidade e, desse modo realizar uma análise que preze pela qualidade e objetividade.

Através desta breve explicitação do professor, podemos perceber o quanto, nós, cientistas sociais, tornamo-nos vulneráveis, no sentido de, principalmente em projetos desse gênero poder – mesmo que involuntariamente – representar grupos e interesses particulares. Permitir que confundam o sujeito que objetiva conhecer, daquele que deseja intervir e, se possível angariar algo mais. Neste caso, se pensarmos o próprio conceito “capacitação” vê-se o quão está carregado do princípio de intervenção. “Capacitar” e “Acordar” para a política: quais serão os meios buscados para isso pelo político? Considero não ser necessário aqui relatar. A própria defesa de um ponto de vista valorativo, de um argumento, de uma visão de mundo, de certos grupos e interesses sociais bem como a vontade de modificar a realidade seguem a lógica da política. Isto não é errado, entretanto quando se assume o papel de cientista a análise da realidade não deve estar acompanhada da defesa de um argumento, mas sim de seu questionamento, e sobretudo não deve representar ninguém.

Por Waleska Martins.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O final de 2008

- No tocante à projetos, o nosso nos bairros Vivendas e favela do Jd. Universitário está indo devagar, mas bem. Na primeira quinzena de dezembro, Waleska e eu nos reunimos com o secretário de planejamento de Marília, na presença do Prof. Jair (doutor em ciências sociais, ex-sociólogo do município de São Paulo), onde discutimos na mesa o que pode ser feito naqueles bairros. Após bons minutos de conversa (com direito a provocações saudáveis do professor ao secretário e vice-versa), ficou decidido em fevereiro, quando retornaremos das férias, algum membro da FATO passar na profeitura (no quarto andar, que se fixa a secretaria de planejamento) e pegar todos os documentos e arquivos que dispõem da área para estudarmos nos encontros do grupo de estudo do professor Jair, sobre políticas públicas nas cidades. Posso adiantar que, a princípio, mesmo sem o prévio conhecimentos desses papéis, nesses bairros faremos uma etnografia e posteriormente um levantamento de dados sociais e economônicos da população.

- Ainda no mesmo dia da reunião, levamos o professor, acima de tudo por uma questão de método, para conhecer os bairros. E particularmente, foi um dia muito legal: primeiro presenciei uma reunião de um professor com um secretário, sendo uma experiência muito rica. Segundo que tivemos uma aula prática de política com o professor Jair, me fazendo lembrar dos tempos que fiz geografia, onde íamos muito mais a campo com professores que nas ciências sociais.

De significante, temos isso. Em 2009 temos mais outros projetos.

Por Pedro Meinberg.