terça-feira, 28 de outubro de 2008

Quem são nossos heróis?


Se perguntarmos a uma pessoa quem é seu herói ou seu ídolo, provavelmente o nome citado estará presente no hall de personalidades históricas, midiáticas, literárias, musicais, enfim, será algum famoso. Entretanto, proponho pensarmos por um outro caminho.

Realizando visitas nas casas dos bairros Vivendas e Universitário, dentro do projeto da Empresa Junior, conhecemos pessoas fantásticas, com histórias lindas; e dentre essas está seu Sebastião. Este senhor de um bom humor invejável, quase contradizendo a pobreza ao seu redor, me respondeu do seguinte modo quando disse que era da faculdade:

- Fui eu que comecei a faculdade!

Por um momento meu academicismo me traiu e pensei estar diante de um intelectual que abandonou academia para viver na pele os problemas sociais e mais que depressa perguntei:

- E o que o senhor fez lá?

Logicamente esperava que me dissesse filosofia, ciências sociais ou qualquer tipo de curso. A veio de maneira surpreendente. Seu Sebastião com um sorriso no rosto, como que se estivesse lido meus pensamentos disse:

- O prédio!

O prédio foi a resposta dele! Por um momento me envergonhei por pensar que começar a faculdade era estudar ou lecionar nela. Foi ai que percebi que a faculdade começa com os pedreiros que sob sol e chuva e as custas de muito suor, e talvez por um baixo salário, construíram o chamado “Templo do Saber”. Templo que depois de pronto não acolheu nem ele, nem seus filhos, a não ser é claro para um eventual reparo e no caso de sua filha como uma faxineira.

Não quero aqui cair na já “batida” crítica ao capital, mas propor um olhar para os verdadeiros heróis de nossa sociedade. São os “Seus Zes” e “Donas Marias” que desempenham trabalhos essenciais, mas que são tratados como fantasmas. Estudamos em um prédio como se ele sempre estivesse lá. Usamos o banheiro como se ele sempre estivesse limpo, ou que a limpeza se desse como mágica. É imperativo sabermos que existem pessoas que plantam, colhem, mas não comem; pessoas que fazem, mas não desfrutam. E nós que desfrutamos o fazemos sem levar em conta as mãos que trabalharam.

Hoje meu herói tem nome: Seu Sebastião. Ele não é ator, autor, cantor, jogador de futebol, revolucionário ou político; ele é pedreiro e fez a faculdade.

Por Alexsandro Arbarotti.



Seu Sebastião e Alex.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

À margem do moderno

Enfim! Saiu o primeiro trabalho de campo da nova etapa da FATO; era 11 de outubro de 2008. Alex, Fernando e eu fomos até os fundos do até então chamado "Jardim Cavalari" - lá, nos disseram que o bairro se chama Parque das Vivendas: andamos por um lugar recôndito, submerso, talvez, nos planos de vários prefeitos da cidade, todavia sendo a morada de inúmeras pessoas.

A porta de entrada do bairro é a junção de duas ruas de terra, e como uma chuva caía sobre aquela tarde de sábado que escolhemos para visitar, as ruas eram de pura lama. Ainda na entrada, se tem uma espécie de rotatória de mato, para o ônibus circular, e um boteco.

Para nos acompanhar e instruir na visita, encontramos o ir. Carlos, diácono da igreja evangélica Assembléia de Deus, localizada no bairro, que Alex previamente já havia visitado. A escolha da igreja para o contato inicial foi simples, afinal, uma igreja tende a ser freqüentada por um número significativo de pessoas, geralmente residente em suas proximidades.

Em sua casa, Carlos nos recebeu com seus filhos e sua esposa, que até nos serviu um suco. Comentou conosco suas observações sobre o local, após oito anos como morador. Para ele, e para todos os moradores que entrevistamos, o maior problema que enfrentam é a falta de asfalto. Sem asfalto, circulares, veículos que transportam as crianças às escolas e caminhões de lixo não passam por todo bairro, ficando seus itinerários restrito a “rotatória” da entrada. Os moradores também convivem com uma incerteza: não sabem se investem em reformas em suas casas ou se esperam a prefeitura os tirar de lá, visto que parte do bairro foi levantada sob uma área verde, até passando um córrego no fundo de algumas casas – que na realidade se transformou em esgoto, trazendo animais peçonhentos e doenças para dentro de alguns lares.

O bairro conta com uma associação de moradores que se reúne toda primeira terça-feira de cada mês, e marcamos uma reunião com o atual presidente do bairro, o seu Albino, porém, no dia combinado para uma maior conversa, seu Albino não se encontrava em casa.

Caminhando pelo fundo do bairro, depois do córrego, encontramos uma pequena favela, a chamada Favela do Universitário – em alusão ao vizinho bairro Universitário. Também conversamos com alguns moradores e as suas realidades chocaram nossos sentidos. A vida miserável, regada a esperanças de um ano eleitoral, trouxe inúmeras reflexões ao grupo que talvez nem cabe aqui mencionar em um breve relato. Moradores como seu Antônio pedem apenas por uma casa. Seu último barraco foi perdido em um incêndio, talvez ocasionado pelos “gatos” que fazem para buscar energia elétrica, e atualmente reside em um outro barraco feito pelas tábuas que restaram do incêndio.

Toda a favela está construída em uma área verde da cidade; não têm energia elétrica, tratamento de esgoto – que passa por entre os barracos – e muito menos asfalto.

Estávamos em um outro tempo, em um outro vivido, fruto da modernidade urbana, porém isolada da mesma, do deleite do capital.

Por Pedro Meinberg.



Vista de uma rua do bairro Vivendas

Projeto de urbanização "Parque das Vivendas" e "Jardim Universitário"

O primeiro contato

Nós, da empresa, pensamos em realizar um levantamento sobre infra-estrutura urbana nos bairros mais necessitados da cidade de Marília. O bairro escolhido foi o jardim das vivendas, localizado próximo da faculdade. Pensamos em realizar a aproximação da comunidade, para que os próprios moradores relatassem seus problemas.

Foi proposto que esta aproximação com a comunidade se iniciasse através da Igreja que se encontra no bairro. A Igreja foi pensada pelo motivo de ser um canal onde poderíamos entrar em contato com um número considerável de moradores da comunidade.

E assim foi feito! No dia 4 de outubro um dos membros da empresa, que ficou responsável pelo contato, foi até a comunidade para saber em qual horário o culto se realizaria. O Alex, membro responsável pelo contato, conheceu o irmão “Cezar” membro da Igreja Assembléia de Deus que indicou o horário e ficou de informar o pastor da visita. A visita ocorreu no dia seguinte, dia 5, domingo, as dezenove e trinta horas. O Alex participou do culto com a comunidade e no final do culto o pastor abriu a palavra para que a comunidade fosse informada a respeito do projeto pelo Alex. As palavras dirigidas a comunidade foram de que a empresa Junior era um grupo de universitários que buscavam realizar algumas práticas do curso e que estavam disposto a ouvirem os moradores a respeito dos problemas do bairro. Foi dito que seria realizado um projeto que poderia ser encaminhado a câmara municipal, mas que este projeto não era promessa da solução dos problemas. No final do culto o pastor rezou junto com a comunidade para a equipe da empresa e pelo projeto que se buscava realizar.

Na saída da Igreja foi apresentado ao Alex o irmão Carlos, que é diácono da Igreja, que se prontificou a ser guia nos futuros contatos que ficaram decididos a se realizarem no final de semana próximo.

A apresentação

Em uma reunião perdida no tempo da FATO, acabamos por decidir que abriríamos um blog. E aqui está.

Este, tem o intuito de divulgar nossos trabalhos que vem sendo e desenvolvido desde a segunda metade de 2008. Também, por ser um blog, pode servir para qualquer membro expor (em forma de artigo, crônica, conto, poema ou da forma que achar melhor), suas idéias, pensamentos, e até seus sentimentos sobre nossos trabalhos, além de relatar o dia-a-dia da empresa.

Pode ser mais um blog na web, porém, um blog crítico, feito por estudantes dispostos a darem sua contribuição à sociedade. Sinta-se a vontade para comentar.

Por fim, acho que convém aqui apresentar nossa equipe (até nós aprendermos a mexer direito nisso e colocar os nomes no canto direito da tela):

Presidente: Bruna Cavallieri - bru.cavallieri@gmail.com
Vice-Presidente: Pedro Meinberg - pedro.meinberg@gmail.com
Secretária Adm. Financeiro: Franciele Del Vecchio - fran_tff@hotmail.com
1º Secretária: Waleska Martins - wlsk@hotmail.com
2º Secretário: Fernando do Nascimento - ferdinad_fer@yahoo.com.br
Diretor de Pesquisas: Marcus Vinícius Cardoso - mvcmailto:mvc18@marilia.unesp.br
Diretor de Marketing: Alexsandro Arbarotti - arbarotti@hotmail.com
Diretor de Recursos Humanos: Lucas Pires - lucasalexandrepires@hotmail.com


Conselho Fiscal
:


Iongju Almeida - iongju.almeida@gmail.com
Raisa Guerra - raisa_fato@hotmail.com


E com a participação especial...

Professora Orientadora: Dra. Cristina Rubim rubim@marilia.unesp.br


Por Alex Arbarotti e Pedro Meinberg.