
Realizando visitas nas casas dos bairros Vivendas e Universitário, dentro do projeto da Empresa Junior, conhecemos pessoas fantásticas, com histórias lindas; e dentre essas está seu Sebastião. Este senhor de um bom humor invejável, quase contradizendo a pobreza ao seu redor, me respondeu do seguinte modo quando disse que era da faculdade:
- Fui eu que comecei a faculdade!
Por um momento meu academicismo me traiu e pensei estar diante de um intelectual que abandonou academia para viver na pele os problemas sociais e mais que depressa perguntei:
- E o que o senhor fez lá?
Logicamente esperava que me dissesse filosofia, ciências sociais ou qualquer tipo de curso. A veio de maneira surpreendente. Seu Sebastião com um sorriso no rosto, como que se estivesse lido meus pensamentos disse:
- O prédio!
Não quero aqui cair na já “batida” crítica ao capital, mas propor um olhar para os verdadeiros heróis de nossa sociedade. São os “Seus Zes” e “Donas Marias” que desempenham trabalhos essenciais, mas que são tratados como fantasmas. Estudamos em um prédio como se ele sempre estivesse lá. Usamos o banheiro como se ele sempre estivesse limpo, ou que a limpeza se desse como mágica. É imperativo sabermos que existem pessoas que plantam, colhem, mas não comem; pessoas que fazem, mas não desfrutam. E nós que desfrutamos o fazemos sem levar em conta as mãos que trabalharam.
Hoje meu herói tem nome: Seu Sebastião. Ele não é ator, autor, cantor, jogador de futebol, revolucionário ou político; ele é pedreiro e fez a faculdade.
Por Alexsandro Arbarotti.